Coraline e o mundo secreto é uma adaptação cinematográfica do livro de Neil Gaiman lançado em 2003. Embora considerada um conto infantil, a combinação de uma atmosfera densa e uma ambientação Dark, faz com que a obra agrade também ao público adulto. Com esse livro Neil Gaiman pode fornecer as crianças leitoras uma aventura realmente emocionante e assustadora, sem pecar com cenas extremamentes inocentes.
A protagonista da vez é Coraline Jones e não ‘Caroline’ como muitos personagens costumam erroneamente chamá- la. No auge dos seus 11 anos, a menina muda-se com a família para outra cidade. Encarando a saudade dos amigos e tendo que lidar com pais escritores que passam todo o tempo disponível imersos na composição de um importante trabalho, Coraline ve- se praticamente privada da presença e atenção dos pais, e é assim que ela passa a conviver com as personalidades peculiares da nova vizinhança. Encontramos o menino Wybie e seu misterioso gato preto, o Sr.Bobinsky treinador de circo mal- sucedido e as irmãs que tiveram na juventude, o seu tempo de glória como artistas.
Enquanto explorava o casarão antigo, agora seu lar, Coraline depara- se com uma misteriosa porta que aparentemente não levava a lugar algum, estando murada sabe-se lá a quanto tempo. Porém, certa noite Coraline é atraida até a estranha porta e o que encontra é uma passagem secreta para um mundo alternativo e extremamente tentador.

Lá Coraline tem pais atenciosos e interessantes, seus brinquedos ganham vida e tudo parece perfeito e bem mais colorido, a única diferença que torna os personagens macabros em sua aparência, é a presença de botões no lugar dos olhos.
A história progride com essa vida dupla de Coraline, hora no mundo real e sem graça, hora no mundo perfeito das pessoas com olhos de botões! Claro que nem tudo que parece perfeito realmente é, a menina vai aos poucos descobrindo que talvez essa versão modificada do mundo real, não seja realmente, uma versão melhor.


É através das experiência de Caroline com seu “outro” pai e com sua “outra” mãe, que o filme chama a atenção para a constante insatisfação do ser humano. Sempre imaginamos como seriam as coisas se pudessemos moldá- las de acordo com o que desejamos, porém, praticamente não nos damos conta que a graça de viver está nas incertezas e nas apostas que fazemos das nossas vidas. E é justamente quando Caroline percebe que as coisas são bem diferentes do que se mostram nesse mundo descoberto a pouco, que passa a correr um grande perigo, tendo que recorrer a toda sua inteligência e audácia para salvar a si próprio e a seus pais verdadeiros.
Outro atrativo do filme é a própria animação. Abaixo foto do set de filmagem de Coraline e o Mundo Secreto.
O filme foi produzido inteiramente em Stop Motion, técnica praticamente artesanal que simula o movimento através de fotografias, em Coraline e o Mundo secreto, foram utilizadas cerca de 24 imagens por segundo, assim como diversos bonecos e cenários físicos. A produção do filme teve sua pré- produção iniciada em 2005, sendo lançado apenas em 2009.
Abaixo um vídeo do Making off do filme, onde o diretor Henry Selick explica alguns processos de criação. É bem interessante, dá pra ter uma ideia do trabalho minucioso desempenhado para que 

Coraline ganhasse vida.
Filme por partes no youtube: 
_________________________________________

A NOIVA-CADÁVER








7630



Victor (voz de Johnny Depp) é um atrapalhado jovem que está de casamento marcado com 
Victoria (voz de Emily Watson), mas só conhece a noiva no dia do ensaio da cerimônia. Mesmo 
sendo um casamento arranjado, ambos se simpatizam. O que pode atrapalhar o enlace é a
 Noiva-Cadáver do título. Na floresta vizinha ao vilarejo onde mora, Victor treina seus votos 
e coloca a aliança num galho. O que ele não imaginava é que o galho é um dedo de verdade,
 pertencente a uma jovem assassinada (voz de Helena Bonham-Carter), que volta do mundo 
dos mortos insistindo ser a mulher de Victor.





Parece estranho um filme que conta a história de uma noiva morta pronta
 para se casar com um noivo vivo, tanto quanto pareceria estranho se 
Tim Burton fizesse uma comédia romântica sobre o casamento. Em A 
Noiva-Cadáver estão juntas as duas esquisitices, o que o torna um típico
 trabalho de Burton. O diretor vive assolado por alguns fantasmas —
 talvez provenientes do apreço que tem por fábulas e filmes de terror antigos 
, por um mundo em que a beleza se faz da escuridão, por personagens exóticos, 
solitários, em constante estranhamento com a vida, pelo humor negro.
 Essas são as marcas que podem ser vistas em vários dos seus filmes.




Tim Burton também é um peixe fora d’água. Algo além das marcas afirma isso:
 oriundo do cinema de animação, ele parece capitanear uma corrente que luta 
pela sobrevivência do stop-motion, isto é, uma técnica de animação que captura 
fotograficamente cada quadro da projeção. É um trabalho de Hércules, imaginem.
 Como diz Johnny Depp, estamos diante de “uma arte em extinção”, e é realmente
 algo a ser salvo, sobretudo por conta dos resultados. Mike Johnson, que divide a
 direção com Tim Burton, conta que não há mais projetos desse porte e dessa 
visibilidade sendo feitos em stop-motion. As “facilidades” da animação digital,
modelada diretamente no computador, devem representar economia na produção
 (suponho) e algum ganho de resultado no realismo das imagens (é fato).
 Mas tem alguma coisa estranha no stop-motion, claro em A Noiva-Cadáver,
 que a animação digital deixa escapar: é como se os bonecos que vemos
 caminhar e dançar na tela fossem de carne e osso. Coisas que só a materialidade
 faz por nós.

A Noiva-Cadáver conta a história musicada de um casamento bastante atribulado. 
É quase uma ópera em animação protagonizada por Victor, um rapaz tímido, 
de uma família de burgueses emergentes, que tem um casamento arranjado
 com a filha de nobres falidos. Ele e a noiva Victoria se conhecem apenas no
 dia em que vai haver um ensaio para a cerimônia, e, apesar disso, se apaixonam.
 Victor e o pastor ranzinza não se dão muito bem nesse ensaio, que termina antes do fim.
 Sozinho em um bosque, repassando as falas do casamento, Victor, sem querer, 
acaba por prestar votos e consumar as intenções com um galho de árvore, 
que era, na verdade, a mão do cadáver de uma pobre noiva assassinada. 
Daí em diante, é apresentado o fantástico mundo dos mortos de Tim Burton.

A princípio, Victor, puxado para baixo da terra pela mão com a aliança, é o único 
a ter contato com esse outro mundo, absolutamente surpreendente.
 O mundo dos mortos é a negação do mundo dos vivos, não só no que diz respeito à vida
. Ao contrário do que a tradição tem por hábito considerar, a morte é alegre.
 Em certo sentido, há mais vida entre os mortos. 
A proposta de Burton não é explicar esse mundo. O que podemos entender dele se 
extrai da comparação. No mundo dos vivos não há muita cor, os personagens têm
 dificuldade em sorrir, as intenções são movidas por interesses, há uma forte rigidez
 na hierarquia e nas ações. É o oposto do mundo dos mortos, onde temos cores 
quentes e um constante clima de festa. Falando em hierarquia, fortemente 
presente no mundo dos vivos, é possível estabelecer uma ordem ascendente que
 vai do ponto mais baixo — o mundo dos mortos —, passa pelos empregados, pela
 burguesia emergente e termina na nobreza. Quanto mais alto o degrau, mais fortes
 os argumentos para se questionar o valor da vida. São por essas considerações que 
passam os dilemas de Victor. A vontade que dá é a de inverter essa escada.
Falando em inversão, o modelo aqui apresentado inverte um outro, clássico, de
 apresentação do mundo dos mortos: o Hades, na literatura grega. Lembro de uma 
passagem da Odisséia de Homero em que Ulisses vai ao mundo dos mortos consultar
 um adivinho e se encontra com a alma de Aquiles. As características marcantes dos
 seres desse mundo são a perda do tato, da materialidade, e a incapacidade de pensar
 e perceber. São sopros que vagam aleatoriamente na escuridão, sendo preciso
 realizar um ritual para entrar em contato com eles. Bem como diz a tradução: 
“Esta é a lei dos mortais, logo que morrem: os nervos não mais seguram as carnes
 e os ossos; a força impetuosa do ardente fogo os destrói, logo que a vida abandona 
a branca ossatura e a alma se esvola como um sonho.” Nesse modelo, a vida já é, 
em si, o maior valor. Aquiles, o guerreiro que se torna imortal pelos feitos e pela 
bravura, passa a questionar o heroísmo ao conhecer o Hades. Em A Noiva-Cadáver
 é o oposto. Ficamos convencidos, como Victor, de que a vida não é assim tão grande coisa.
O filme é todo muito bom, do roteiro à produção, passando pela direção de arte e
 pela atuação dos atores que dão voz aos personagens. Mas é preciso destacar o
 trabalho de Danny Elfman, responsável pelas músicas. Parceiro de Tim Burton
 na maioria de seus filmes (ele é também o autor da música tema dos Simpsons),
 foi líder da banda Oingo Boingo, sucesso absoluto na década de 80.
 A música marca com extremo bom gosto os momentos cruciais do filme,
 além de servir como meio de se contar a história. A cena em que Victor e a
 noiva-cadáver tocam piano juntos é belíssima e constrói uma cumplicidade e 
envolvimento entre eles que faz o protagonista mudar de idéia quanto à volta à vida.



Trailer:




_________________________________________

O estranho mundo de Jack


A "Cidade do Halloween" é um mundo de sonho repleto de cidadãos, tais como monstros deformados, fantasmas, duendes, vampiros, lobisomens e bruxas. Jack Skellington ("O Rei das Abóboras") é o centro das atenções da celebração anual do Dia das Bruxas, no entanto sente-se farto de repetir todos os anos a mesma rotina. Vagueando pela floresta durante toda a noite, de madrugada encontra um círculo de árvores em que cada uma está uma figura diferente. Jack fica impressionado com a árvore de natal desenhada num dos elementos do círculo, e acidentalmente acaba por entrar na "Cidade do Natal". Impressionado com o sentimento e o estilo do Natal, Jack apresenta os seus resultados e sua compreensão da quadra festiva para os habitantes da "Cidade do Halloween". Sem que tenham uma percepção verdadeira do espírito natalício, os elementos da cidade compraram todos os objectos a cenas aterradoras e obscuras, como estão habituados. Percebendo que os cidadãos não compreendem o verdadeiro significado do natal, Jack decide cooperar e afirma "O Natal é nosso!".


Cada residente recebe uma tarefa, enquanto Sally, uma boneca de trapos criada na cidade por um cientista louco que obsessivamente a impede de se relacionar com os outros habitantes da cidade, começa a sentir uma atracção romântica por Jack. No entanto, só ela teme que seus planos vão terminar de forma desastrosa. A obsessão do Rei das Abóboras com o Natal leva-o a raptar o Pai Natal, missão essa que fica encarregue a três crianças travessas que acabam por levar a figura de natal até ao Oogie Boogie, um bicho-papão que tenciona fazer da vida de Santa Claus um jogo de azar, passatempo habitual do monstro.


A Véspera de Natal chega, e Sally tenta impedir Jack, mas ele embarca para o céu em um caixão como trenó puxado por renas esqueléticas, guiadas pelo nariz brilhante de seu cão fantasma Zero. Ele começa a entregar presentes a crianças ao redor do mundo, mas os presentes (cabeças encolhidas, cobras enroladas em árvores de Natal, entre outras figuras horrendas) apenas aterrorizam os destinatários. Acreditando que Jack é um impostor tentando imitar o Pai Natal, os militares entram em alerta e acabam por atingir o esqueleto. O trenó é abatido e ele é dado como morto pelos cidadãos da "Cidade do Halloween". Desiludido e desapontado pelo fracasso do seu plano, Jack acaba por consciencializar o seu erro, afirmando que tem novas ideias para o Dia das Bruxas do ano seguinte e que tem de salvar o natal.
Enquanto isso, Sally tenta resgatar o Santa Claus, mas é capturada por Oogie. Jack infiltra-se no covil e liberta-os, confrontado o bicho-papão, vencendo-o no final. Santa acaba por repreender o esqueleto, embora no fim espalhe neve na "Cidade do Halloween" como sinal de agradecimento e sem ressentimentos pelos habitantes. Na cena final, Jack revela que se sente atraído por Sally também, e beijam-se sob a lua cheia no cemitério.





Trailer: